Você está aqui:
Atualização: 08/10/2024 às 17:19

UFC Crateús e LABOMAR Iniciam Estudo Sobre Contaminação por Agrotóxicos em Peixes no Rio Poti

Autoria: Janaina Lopes Leitinho

 Equipe de campo UFC campus Crateús e Labomar campus Fortaleza. Participantes da direita para a esquerda: Rafael, Ana Clara, Dulce, Biatriz, Rivelino, Janaina e Jonas.
Equipe de campo UFC campus Crateús e Labomar campus Fortaleza. Participantes da direita para a esquerda: Rafael, Ana Clara, Dulce, Biatriz, Rivelino, Janaina e Jonas.

No final de semana do dia 15 a 18 de agosto a UFC Crateús juntamente com o Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR) iniciou os estudos sobre contaminação  por agrotóxico em peixes no Rio Poti nos distritos de Ibiapaba e Oiticica pertencentes ao município de Crateús no Ceará. O estudo é pertinente porque as referidas regiões estão dentro de área de preservação ambiental, APA Buqueirão,  e jusante, a ações de mineração no município de Quitérionópolis, as escalações urbanas do município de Crateús, as obras do lago sem Fronteiras e a várias iniciativas de agricultura a margem do rio Poti. 

A parceria celebrada entre o Laboratório coordenado pelo Professor Rivelino Cavalcante, Laboratório de Avaliação de Contaminantes Orgânicos (LACOr/Labomar/UFC) e, o Núcleo Integrado de Pesquisa e Inovação da UFC Crateús , NIPI, coordenados pelas professoras Janaina Lopes Leitinho e Luisa Gardênia A. T. Farias, fortalece as ações de pesquisa da UFC Crateús e amplia os estudos iniciados com metais pesados em 2017. 

O estudo traz uma nova perspectiva quanto à segurança alimentar do sertanejo que convive com a seca e faz uso direto das águas do Rio. É importante relatar que, na região do distrito de Ibiapaba, pescadores já relatam terem encontrado peixes com olhos diferentes. Esta alteração, a priori sem explicação por falta de estudos, é um indício preocupante quanto a qualidade da água na região e consequente reflexo no meio aquático. É bem verdade que esta contaminação é antropogênica e pode ter diversas origens a serem estudadas. 

A contaminação por agrotóxico é uma das várias possibilidades encontradas no meio aquático. Substâncias como remédios, hormônios, fungicidas, herbicidas, inseticidas, pesticidas, agroquímicos e defensivo agrícola somam-se a possibilidades de produtos químicos encontrados no meio aquático. Estudos realizados pelo professor Rivelino no rio Ceará, Jaguaribe e no Delta do Parnaíba , na água, sedimento e  nos peixes apresentaram contaminação. 

do qualquer substância química entra no meio aquático, ela se torna disponível para os organismos, uma vez consumida, entra no metabolismo fixando-se. Nos casos dos peixes, esta fixação é evidenciada nos órgãos como tecidos, bile, fígado etc. Uma vez absorvidas, estas substâncias podem ser transferidas na cadeia alimentar, podendo chegar até aos seres humanos. O potencial de causar problemas à saúde é variável de substância para substância e os estudos devem ser aplicados e  comparados com os dados de saúde dos municípios para melhor evidenciar os impactos a curto e longo prazo na população.

Segundo o professor Rivelino, estudos são considerados prioritários e se tornam graves uma vez que não temos outros registros para avaliar a evolução destes contaminantes no Brasil.

Um fator determinante a ser observado é que, o Rio Poti, em seu percurso no estado do Ceará é um rio intermitente, e no período de seca, a poluição pode ser agravada pela evaporação acelerada da água afetando a sua qualidade. O aumento das concentrações dos poluentes disponibilizada para peixes  favorece uma maior absorção e consequente maior acúmulo nos órgãos.

A população mais afetada é o usuário direto do rio que se utiliza da água e dos peixes para fins alimentares.  A contaminação indireta é também factível, uma vez que é comum a presença de animais de médio e grande porte fazendo a dessedentação às margens do rio.

É inacreditável que até hoje não se tenha dados conclusivos a respeito da segurança alimentar para esta região que sofre sistematicamente com a seca e com os conflitos da água. O sertanejo, que já tem tão pouco, em sua luta diária para sobreviver, consome o que a terra e a água pode dar e, sem saber, vive o conflito entre a fome e a saúde.

Neste caso, devemos entender que estamos tratando de segurança alimentar e os estudos a serem celebrados, por esta parceria, será de grande valia, e suprirá a lacuna dando mais esperança para o sertanejo que sofre sobre de sol a sol todo dia.

Um trabalho desta dimensão requer investimento, atenção da população e dos governos da região. É um trabalho feito por várias mãos e aqui deixamos a nossa gratidão a quem aqui deixou o seu amparo e dedicação. Nossos sinceros agradecimentos ao Professor Rivelino e sua equipe de doutorandos do Labomar,  a aluna Ana Clara Rosendo Sousa, do Curso de engenharia Ambiental e Sanitária, aos pescadores Luisão e Junior das regiões de Ibiapaba e Oiticica, ao Sr. Felício e d. Ibelta pelo apoio estrutural na região, a SEMA Ceará, pela confiança no projeto dedicado pelo Gestor do Parque Estadual Cearense Cânion do Rio Poti, Danilo Melo, a professora Shirliane Araújo da UECE pela dedicação ao projeto e a UFC, em nome do vice diretor, professor Diones e do motorista Jonas que viabilizaram a locomoção à região.

Distrito de Ibiapaba no município de Crateús e as instalações do lago sem fronteira.

 Equipe da UFC Crateús e do Labomar na Prainha do distrito de Ibiapaba fazendo a coleta de material para estudo de agrotóxico em peixes.

Início dos trabalhos no campo. Doutorandos do LABOMAR e a aluna de engenharia ambiental da UFC Crateús na organização do material para a coleta.

Início dos trabalhos no campo. Doutorandos do LABOMAR e a aluna de engenharia ambiental da UFC Crateús na organização do material para a coleta.

 Distrito de oiticica APA Boqueirão, entrada do Parque Estadual Cânion Cearense Rio Poti.

 Ferrovia que deu origem ao distrito de Oiticica

Equipe de campo UFC campus Crateús e Labomar campus Fortaleza. Participantes da direita para a esquerda: Rafael, Ana Clara, Dulce, Biatriz, Rivelino, Janaina e Jonas.



Aluna, Ana Clara Rosendo de Sousa da UFC Crateús, do Curso de Engenharia Ambiental, integra-se à equipe de doutores do Labomar e estuda a contaminação de agrotóxicos em peixes no Rio Poti. Os estudos deverão ser publicados em artigos e no seu TCC. Foto dos trabalhos em Oiticica.

 A discente Ana Clara Rosendo de Sousa no LACOR preparando as amostras para estudo no cromatógrafo.

 Equipe da UFC pernoitou em Oiticica para fazer a coleta no Parque e no Entorno (APA boqueirão)